quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014



JORNAL LOGRADOUROS

04/02/2014

O público é diferente do privado

Por: Por Eduardo Augusto Pinto
Veja a seguinte questão: uma determinada empresa privada perdoa a dívida de inúmeros credores; faz novos empréstimos para financiar e refinanciar obras de infraestrutura de outras empresas; não promove as reformas e as obras em sua infraestrutura, especialmente as que visariam melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, deixando de resultar, inclusive, em lucros e, pior ainda, passa a não mais pagar as suas dívidas.
Assim agindo, esta empresa privada estará diante de atos, digamos, até pré-falimentares, os quais poderão levá-la à extinção, não se cogitando sobre a possibilidade dela vir a se recuperar, judicialmente.
Note-se que jamais o dono de uma empresa necessitada deixará de empregar valores em sua infraestrutura para investir nas empresas dos outros!
E mais. Caso isso venha a ocorrer, será mesmo algo irreal ou outras coisas mais, sob a análise e a conclusão de cada um dos interpretes.
Na vida privada, a pessoa poderá fazer o que lhe é permitido e o que não lhe seja defeso/proibido, nos exatos termos da lei e do bom senso, pois se vier a feri-los, poderá vir a sofrer as consequências.
Numa empresa privada, o dono sabe que se fizer o que não pode fazer, certamente responderá pelo seu ato, ou seja, cairá mesmo na sua cabeça.
Agora, na empresa pública e nos entes públicos em geral, os seus atuais gestores podem até perdoar a dívida de inúmeros credores; fazer novos empréstimos para financiar e refinanciar as obras de infraestrutura de outros entes públicos, até externos; com isso, deixando de efetivamente promover as reformas e as obras em sua infraestrutura, estas que, certamente, melhorariam a qualidade de vida de seus concidadãos.
E não param por aí, não! Ainda, na gestão da coisa pública, eis que deixam de pagar as dívidas, a interna e a externa, pois que, em regra, não serão atingidos pela predita “lei de falência” e, nem mesmo, pela lei da moral, que é não fazer para os outros, o que não quer que faça para si.
É fácil gastar o que está depositado nos cofres públicos, pois somos nós, cidadãos, que estamos pagando, com o recolhimento dos impostos escorchantes, e com o suor e o sangue do nosso trabalho diuturno, a régia conta desta pífia cortesia.
Ora, não se pode fazer na vida pública o que se faz na privada!
Aqui está presente, mais uma vez, o velho provérbio: “É fácil fazer cortesia com o dos outros, ou seja, com o do povo”.

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