segunda-feira, 20 de janeiro de 2014



JORNAL IPIRANGA NEWS
Deficiente visual dá lição de vida

Um dos profissionais mais requisitados da AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Flávio Giannotti, no Ipiranga, é deficiente visual e anda acompanhado de um cão guia – melhor dizendo, de uma cadela da raça labrador, a Lady Bu. O fisioterapeuta Pedro Carlos de Araújo Arruda, de 61 anos, é adorado pelos usuários do centro de reabilitação do posto de saúde, mas já enfrentou resistências de pacientes que subestimaram sua capacidade, pelo fato de ele não enxergar. “Há, sim, dificuldade de algumas pessoas aceitarem um fisioterapeuta com deficiência visual, mas quando demonstramos as nossas qualidades acaba o preconceito”, diz ele.
“Eu cuido de pessoas normais e de cegos, e é possível perceber o respeito que todos têm pelo meu trabalho”, acrescenta ele, enquanto massageia o braço do radialista aposentado Alcides Viviani, de 81 anos. “Trabalhei 28 anos na TV Bandeirantes, para a qual fiz reportagens policiais e fui produtor do programa do saudoso “Édson Bolinha Cury”, lembra Viviani, sem esquecer os elogios a Arruda. “Eu me trato há anos com ele e, mais que meu fisioterapeuta, o Pedro é meu amigo. Existem em São Paulo poucos profissionais com a competência dele”, avaliou.
Arruda é formado em Fisioterapia e também Ciências Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas. Ele teve visão normal até os 20 anos, quando foi acometido de Retinose Pigmentar (RP), doença hereditária que causa a degeneração da retina, região do fundo do olho humano e responsável pela captura das imagens a partir do campo visual. Pessoas com RP apresentam um declínio gradual da visão, porque as celulas fotorreceptoras (cones e bastonetes) morrem. “Eu tive uma visão subnormal, dos 20 aos 40 anos, quando me tornei deficiente visual total”, recorda. “O problema fez com que me aproximasse mais da fisioterapia. Fui professor universitário na cadeira de fisioterapia, trabalhei de 1979 a 1986 na Fundação Dorina Nowil, e agora no Flávio Giannotti”, observou. Ele também faz parte do Projeto IRIS (Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social), de cães guias. “Nós conseguimos os primeiros resultados positivos com deficientes usando cães guia treinados no Brasil”, comemorou.
A cadela Lady Bu, de seis anos e meio, acompanha o fisioterapeuta, desde que terminou o treinamento. “Os cães passam por um processo de socialização, até os oito meses, e em seguida são levados para uma residência, para que aprendam a se relacionar com os membros da família e também com outros animais domésticos”, explicou Arruda. “Feito isso, eles voltam a seus berçários, onde têm um treinamento diário com pessoal especializado, para saber se têm condições de ser cães guia. O adestramento estende-se até um ano e quatro meses, quando é finalmente aproximado do deficiente visual”, diz. “O deficiente também é orientado no sentido de fazer um uso saudável, para que o relacionamento com o animal seja o melhor possível durante essa convivência”, destacou. “Os melhores cães para funcionar como guias são o labrador e o golden retriever. “Eles são inteligentes e disciplinados e não latem ou latem pouco”, conclui Arruda.

2 comentários:

  1. Até cachorro na sala de atendimento médico. Que absurdo!

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  2. Joca, acho que vc não leu a matéria. O fisioterapeuta é deficiente visual. O cachorro que está ali é o seu cão-guia.

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