quinta-feira, 30 de janeiro de 2014



A Ilha da Fantasia – local do faz de conta – o paraíso na terra


Destaca-se que, qualquer semelhança com a realidade de alguns países, é mera coincidência! Na Ilha da Fantasia nada falta.
Temos de tudo que o cidadão necessita, pois a infraestrutura é de “primeiro mundo”, como a Saúde Pública, com “excelentes” hospitais e médicos, onde existem leitos “sobrando” e “faltando” apenas pacientes; a Educação, com “ótimas” escolas e creches, onde as vagas estão realmente “sobrando”; a Segurança Pública, com câmeras de monitoração de “alta resolução” espalhadas por toda a cidade, e ainda, devidamente coligadas com o sistema de Registro de Identidade Civil (RIC), que é a nova Carteira de Identidade dos brasileiros.
O RIC, com 17 (dezessete) itens de segurança, foi concebido para impedir fraudes e facilitar a vida dos cidadãos na obtenção de benefícios sociais e em contratos privados, como a abertura de contas e as operações financeiras e bancárias, reduzindo a possibilidade de erros e prejuízos, inclusive com a comparação de imagens, indicando, nos casos de crimes, quem são os seus autores.
Sendo uma cidade totalmente “calma” e “tranquila”, onde os cidadãos que pagam rigorosamente os seus impostos têm a certeza de que irão sair de casa e voltar ao final do dia “sãos” e “tranquilos”, inclusive utilizando o “excelente” Sistema de Transporte Público, está tudo “ótimo”.
Os nossos portos e aeroportos são também de “primeiro mundo” mesmo, e funcionam “maravilhosamente bem”, sem as filas de espera para descarregar os produtos para a exportação e, muito menos isento de qualquer transtorno de passageiro no que se refere a atrasos, confusões e desrespeito ao cliente.
Com toda esta infraestrutura “maravilhosa” e em “pleno funcionamento”, seguramente, nós temos as condições necessárias para sermos o país sede da Copa do Mundo de 2014.
E mais. Diante de tudo isto, e ainda com o dinheiro público transbordando, temos capacidade de financiar a construção de portos e infraestrutura em outras Ilhas da Fantasia, para que todas se tornem uma imensa e só Ilha da Fantasia.
Calma lá! Desperte do sonho e caia na realidade, pois que não temos dinheiro público para fazermos o que é necessário na nossa ilha, o que se dirá na dos outros!
Eduardo Augusto Pinto é advogado em São Paulo/SP.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014



JORNAL LOGRADOUROS
23/01/2014

O "escondidinho" do Metrô na estação Alto do Ipiranga

Por: Por Eduardo Augusto Pinto
Com sérias dificuldades no andar, por causa de problemas na coluna cervical, e, ainda, com uma tremenda vontade de urinar, por conta dos inúmeros medicamentos que tenho de tomar diariamente, eis que, na última quinta-feira, 16, por volta das 10h, comecei a procurar pelo “Escondidinho do Metrô”, na Estação Alto do Ipiranga, ou seja, procurei pela placa indicativa do sanitário para portadores de necessidades especiais.
Depois de muita busca e a consequente não localização, dirigi-me a uma funcionária do Metrô, que afirmou não existir banheiro para deficientes físicos no local, “mas vou abrir uma exceção para o uso do banheiro dos funcionários”, disse.
Pasme, pois quando foi aberta a porta que mantinha os dizeres “PROIBIDA A ENTRADA”, havia outra indicativa, clara e precisa: “SANITÁRIO PARA DEFICIENTE FÍSICO”, sendo certo que a fala da funcionária foi, inclusive, confirmada pelo encarregado de Estação.
Achei estar diante de um incrível absurdo, no que diz respeito a esconder as placas de orientação de sanitários para uso de portadores de necessidades especiais atrás de uma placa “PROIBIDA ENTRADA”, pois o acesso aos sanitários para portadores de necessidades especiais é um direito, e que deve estar devidamente sinalizado.
Isso não é um favor, inclusive, na Estação Ana Rosa, também não existe respeito com as pessoas portadoras de necessidades especiais, pois para descer da Linha Verde e acessar a Linha Azul, é necessário utilizar-se de um elevador, sem comando automático.
E mais, para as pessoas portadoras de necessidades especiais, usarem o dito elevador, são obrigadas a ficar apertando o botão de chamada, até o elevador chegar onde elas estão para, então, ingressar no elevador e ter de acionar a manete de controle para baixo, até nivelar com o piso onde vão descer, podendo, até mesmo, vir a sofrer sério acidente com isto.
Saliento que nos prédios particulares antigos, que colocaram o sistema para atendimento de pessoas portadoras de necessidades especiais já existem o elevador com comando automático.
O Metrô, que tem uma maior circulação de pessoas com necessidades especiais, ainda não fez o mesmo, ou seja, não instalou elevadores com comando automático.
Veja que o que está ocorrendo no Metrô: enquanto deveria melhorar no dia a dia, é exatamente o inverso.
A piora e a falta de qualidade no atendimento violam frontalmente as leis que regulam as condições de acessibilidade para as pessoas que são portadoras de necessidades especiais. 
Eduardo Augusto Pinto é advogado em São Paulo/SP.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014



JORNAL IPIRANGA NEWS
Deficiente visual dá lição de vida

Um dos profissionais mais requisitados da AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Flávio Giannotti, no Ipiranga, é deficiente visual e anda acompanhado de um cão guia – melhor dizendo, de uma cadela da raça labrador, a Lady Bu. O fisioterapeuta Pedro Carlos de Araújo Arruda, de 61 anos, é adorado pelos usuários do centro de reabilitação do posto de saúde, mas já enfrentou resistências de pacientes que subestimaram sua capacidade, pelo fato de ele não enxergar. “Há, sim, dificuldade de algumas pessoas aceitarem um fisioterapeuta com deficiência visual, mas quando demonstramos as nossas qualidades acaba o preconceito”, diz ele.
“Eu cuido de pessoas normais e de cegos, e é possível perceber o respeito que todos têm pelo meu trabalho”, acrescenta ele, enquanto massageia o braço do radialista aposentado Alcides Viviani, de 81 anos. “Trabalhei 28 anos na TV Bandeirantes, para a qual fiz reportagens policiais e fui produtor do programa do saudoso “Édson Bolinha Cury”, lembra Viviani, sem esquecer os elogios a Arruda. “Eu me trato há anos com ele e, mais que meu fisioterapeuta, o Pedro é meu amigo. Existem em São Paulo poucos profissionais com a competência dele”, avaliou.
Arruda é formado em Fisioterapia e também Ciências Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas. Ele teve visão normal até os 20 anos, quando foi acometido de Retinose Pigmentar (RP), doença hereditária que causa a degeneração da retina, região do fundo do olho humano e responsável pela captura das imagens a partir do campo visual. Pessoas com RP apresentam um declínio gradual da visão, porque as celulas fotorreceptoras (cones e bastonetes) morrem. “Eu tive uma visão subnormal, dos 20 aos 40 anos, quando me tornei deficiente visual total”, recorda. “O problema fez com que me aproximasse mais da fisioterapia. Fui professor universitário na cadeira de fisioterapia, trabalhei de 1979 a 1986 na Fundação Dorina Nowil, e agora no Flávio Giannotti”, observou. Ele também faz parte do Projeto IRIS (Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social), de cães guias. “Nós conseguimos os primeiros resultados positivos com deficientes usando cães guia treinados no Brasil”, comemorou.
A cadela Lady Bu, de seis anos e meio, acompanha o fisioterapeuta, desde que terminou o treinamento. “Os cães passam por um processo de socialização, até os oito meses, e em seguida são levados para uma residência, para que aprendam a se relacionar com os membros da família e também com outros animais domésticos”, explicou Arruda. “Feito isso, eles voltam a seus berçários, onde têm um treinamento diário com pessoal especializado, para saber se têm condições de ser cães guia. O adestramento estende-se até um ano e quatro meses, quando é finalmente aproximado do deficiente visual”, diz. “O deficiente também é orientado no sentido de fazer um uso saudável, para que o relacionamento com o animal seja o melhor possível durante essa convivência”, destacou. “Os melhores cães para funcionar como guias são o labrador e o golden retriever. “Eles são inteligentes e disciplinados e não latem ou latem pouco”, conclui Arruda.