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07/09/2013
Manifestações
e comemorações dividem o país neste sete de setembro
Por:
Redação
No Ipiranga,
o clima foi de comemoração e alguns manifestos no Parque da Independência
Nunca o Brasil esteve tão dividido como neste
sábado, 7 de setembro, data em que anos atrás era palco apenas para
comemoração e festejos em torno do Dia da Independência do Brasil. Mas dessa
vez, diante dos protestos ocorridos desde junho deste ano movidos inicialmente
pelo Movimento Passe Livre, que lutava pela diminuição do valor das tarifas de
ônibus e seguido depois por outros grupos que se fortaleceram nas redes sociais
e nas ruas clamando por um Brasil mais justo, a data prometia um clima muito
mais de protesto de que de comemoração, e foi o que ocorreu em várias capitais
do País.
No Ipiranga, zona sul de SP, o clima foi de
comemoração, mas também de protesto, liderado pelo grupo do Grito dos
Excluídos. Cerca de 400 manifestantes que estavam em frente à Catedral da Sé,
Centro, caminham em direção ao Parque da Independência, local onde dom Pedro I
declarou o Brasil independente de Portugal, em 1822. O ato já virou tradição
nessa data e tem como objetivo fazer um contraponto entre o grito da
independência e o grito dos excluídos. Movimentos e entidades sociais
participaram da ação.
Às 15 horas, o clima no Parque era de comemoração.
Quem estava presente assistiu à representação da Proclamação da República,
encenada por cerca de 50 cavaleiros, uniformizados à época, que partiram de
Cubatão (Baixada Santista) em cavalgada até São Bernardodo Campo (ABC
Paulista), chegando depois de caminhão até a praça Nami Jafet, no Ipiranga. Já
próximo ao Museu, o grupo cavalgou até o Parque da Independência, onde foi
encenado o famoso grito de "Independência ou morte".
Ao contrário do ano passado, dessa vez a cavalaria
não percorreu ruas do Sacomã, São João Clímaco e Ipiranga. Mas o que mais causou
estranheza aos ipiranguistas que sempre acompanham os atos cívicos da região
foi o número ínfimo de lideranças locais durante o evento, principalmente na
composição das autoridades presentes, entre elas o ministro do Esporte Aldo
Rebelo, figuras renomadas do exército brasileiro, além de outros participantes.
Para o advogado e ipiranguista
Eduardo Augusto Pinto, a ausência de lideranças se resume a uma insatisfação
com o próprio cenário da comemoração, que aos seus olhos está abandonado.
“Comemorar o que se o próprio Parque está destruído. Se o Museu do Ipiranga,
cartão postal da nossa pátria amada Brasil está fechado por uma série de
problemas estruturais, resultado de uma negligência administrativa e política.
Não tem como fazer festa em um ambiente degradado”, lamenta.
Outro ipiranguista, Guilherme Teodoro Mendes que
estava presente no evento, tentou argumentar a falta de seus colegas e a
ausência de representantes da subprefeitura local, inclusive do novo
subprefeito do Ipiranga, Alcides Gasparetto, nomeado na última quinta-feira, 6.
“O Ipiranga não está dividido entre manifestação e comemoração. Algumas
lideranças só não vieram porque estiveram em outras solenidades aqui pela
manhã”, disse, referindo-se à Corrida da Independência e a entrega da coroa de
flores na cripta de D. Pedro, esse último promovido pela Associação Comercial
Ipiranga, em parceria com os Rotarys Clubs.
Já entre o público, quem assistiu à encenação
gostou do que viu e preferiu aproveitar o momento em clima de paz. Para alguns,
os protestos deveriam acontecer em outro dia. “A manifestação é um direito do
ser humano, mas seria bom em outra data”, disse Antonia da Silva, que saiu da
zona leste só para ver a apresentação. Marciana de Jesus, sua vizinha de
região, concorda com a colega. “O brasileiro tem que lutar pela independência,
nós queremos um país melhor para o futuro e a gente tem o direito de se
manifestar, mas em outro dia. Soube que em muitos lugares a comemoração foi
eliminada por causa da manifestação”. Já o morador do Jardim Miriam José
Araújo Soares acredita que as duas ações são importantes para a data. “O dia é
de festa, mas a manifestação também é importante porque fala do futuro do nosso
país”. Para o publicitário Claudio Vagner, morador do Jardim Maria Estela, que não
estava presente no festejo, a data é ideal para manifestar, "mas de
forma pacífica", disse. "O grito da independência já foi uma forma de
protesto anos atrás para a tomada de poder, mas hoje o povo ainda vive preso,
por isso acredito que o dia é propício para a manifestação sim. O governo
comemora, mas o povo não pode se calar", complementou.
Em entrevista ao Logradouros Jornal, o ministro do
esporte, Aldo Rebelo, que também participou da cavalgada e da comemoração no
Parque, comentou sobre os festejos e as manifestações ocorridas Brasil afora.
"Eu acho que essa é uma data sagrada para homenagear o País. Eu sou a
favor das manifestações, fiz manifestação e defendo como expressão democrática,
como direito das pessoas, agora, tentar impedir os desfiles ou as comemorações
não tem justificativa. Eu acho que é uma coisa antidemocrática", disse.
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