segunda-feira, 9 de setembro de 2013



http://www.logradourosjornal.com.br/noticias-detalhes.php?noticia=8062&categoria=31
07/09/2013
Manifestações e comemorações dividem o país neste sete de setembro
Por: Redação

No Ipiranga, o clima foi de comemoração e alguns manifestos no Parque da Independência
Nunca o Brasil esteve tão dividido como neste sábado, 7 de setembro, data em que anos atrás era palco apenas para  comemoração e festejos em torno do Dia da Independência do Brasil. Mas dessa vez, diante dos protestos ocorridos desde junho deste ano movidos inicialmente pelo Movimento Passe Livre, que lutava pela diminuição do valor das tarifas de ônibus e seguido depois por outros grupos que se fortaleceram nas redes sociais e nas ruas clamando por um Brasil mais justo, a data prometia um clima muito mais de protesto de que de comemoração, e foi o que ocorreu em várias capitais do País.
No Ipiranga, zona sul de SP, o clima foi de comemoração, mas também de protesto, liderado pelo grupo do Grito dos Excluídos. Cerca de 400 manifestantes que estavam em frente à Catedral da Sé, Centro, caminham em direção ao Parque da Independência, local onde dom Pedro I declarou o Brasil independente de Portugal, em 1822. O ato já virou tradição nessa data e tem como objetivo fazer um contraponto entre o grito da independência e o grito dos excluídos. Movimentos e entidades sociais participaram da ação.
Às 15 horas, o clima no Parque era de comemoração. Quem estava presente assistiu à representação da Proclamação da República, encenada por cerca de 50 cavaleiros, uniformizados à época, que partiram de Cubatão (Baixada Santista) em cavalgada até São Bernardodo Campo (ABC Paulista), chegando depois de caminhão até a praça Nami Jafet, no Ipiranga. Já próximo ao Museu, o grupo cavalgou até o Parque da Independência, onde foi encenado o famoso grito de "Independência ou morte".
Ao contrário do ano passado, dessa vez a cavalaria não percorreu ruas do Sacomã, São João Clímaco e Ipiranga. Mas o que mais causou estranheza aos ipiranguistas que sempre acompanham os atos cívicos da região foi o número ínfimo de lideranças locais durante o evento, principalmente na composição das autoridades presentes, entre elas o ministro do Esporte Aldo Rebelo, figuras renomadas do exército brasileiro, além de outros participantes.
Para o advogado e ipiranguista Eduardo Augusto Pinto, a ausência de lideranças se resume a uma insatisfação com o próprio cenário da comemoração, que aos seus olhos está abandonado. “Comemorar o que se o próprio Parque está destruído. Se o Museu do Ipiranga, cartão postal da nossa pátria amada Brasil está fechado por uma série de problemas estruturais, resultado de uma negligência administrativa e política. Não tem como fazer festa em um ambiente degradado”, lamenta.
Outro ipiranguista, Guilherme Teodoro Mendes que estava presente no evento, tentou argumentar a falta de seus colegas e a ausência de representantes da subprefeitura local, inclusive do novo subprefeito do Ipiranga, Alcides Gasparetto, nomeado na última quinta-feira, 6. “O Ipiranga não está dividido entre manifestação e comemoração. Algumas lideranças só não vieram porque estiveram em outras solenidades aqui pela manhã”, disse, referindo-se à Corrida da Independência e a entrega da coroa de flores na cripta de D. Pedro, esse último promovido pela Associação Comercial Ipiranga, em parceria com os Rotarys Clubs.
Já entre o público, quem assistiu à encenação gostou do que viu e preferiu aproveitar o momento em clima de paz. Para alguns, os protestos deveriam acontecer em outro dia. “A manifestação é um direito do ser humano, mas seria bom em outra data”, disse Antonia da Silva, que saiu da zona leste só para ver a apresentação. Marciana de Jesus, sua vizinha de região, concorda com a colega. “O brasileiro tem que lutar pela independência, nós queremos um país melhor para o futuro e a gente tem o direito de se manifestar, mas em outro dia. Soube que em muitos lugares a comemoração foi eliminada por causa da manifestação”.  Já o morador do Jardim Miriam José Araújo Soares acredita que as duas ações são importantes para a data. “O dia é de festa, mas a manifestação também é importante porque fala do futuro do nosso país”. Para o publicitário Claudio Vagner, morador do Jardim Maria Estela, que não estava presente no festejo, a data é  ideal para manifestar, "mas de forma pacífica", disse. "O grito da independência já foi uma forma de protesto anos atrás para a tomada de poder, mas hoje o povo ainda vive preso, por isso acredito que o dia é propício para a manifestação sim. O governo comemora, mas o povo não pode se calar", complementou.
Em entrevista ao Logradouros Jornal, o ministro do esporte, Aldo Rebelo, que também participou da cavalgada e da comemoração no Parque, comentou sobre os festejos e as manifestações ocorridas Brasil afora. "Eu acho que essa é uma data sagrada para homenagear o País. Eu sou a favor das manifestações, fiz manifestação e defendo como expressão democrática, como direito das pessoas, agora, tentar impedir os desfiles ou as comemorações não tem justificativa. Eu acho que é uma coisa antidemocrática", disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário